sábado, 3 de maio de 2014

Resenha: Eleanor & Park - Rainbow Rowell

Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.

Avaliação: ☻☻☻☻☺ (4/5)          328 Páginas         Novo Século


Sabe aquele livro que você vê a capa e já fica interessada? Depois lê um pouco da sinopse e para porque não quer estragar a surpresa quando você for ler porque você já está louca para ler, mas não quer ler de qualquer jeito, não, quer que quando ler seja de um jeito perfeito, não importa o quanto isso demore. Foi assim comigo e Eleanor e Park.

Eleanor é uma garota meio gordinha que se veste de modo, no minimo, diferente de todo mundo; ela mora com a mãe, os irmãos e o padrasto - esse ultimo não vale nada - e está começando em uma nova escola, em uma nova cidade, onde ela não será muito aceita. Park é um garoto de descendência coreana que mora na mesma cidade a vida toda e conhece todo mundo desde sempre; tem aulas de artes marciais com o pai, apesar de não se dar muito bem com ele. E o interesse de ambos por quadrinhos e música acabara os aproximando.


Para ler esse livro tire todo o preconceito que você tem na cabeça, e no lugar dele coloque a ideia de que nem sempre a mocinha e o mocinho de um livro devem ser perfeitos segundo os padrões de beleza comum. Eleanor é gordinha, com cabelo ruivo e crespo, além de usar roupas enormes e velhas, ela não considera seu corpo nem um pouco atraente e sim feio, porém não sabemos até onde isso é verdade, afinal durante a narração dá para perceber que ela tem a auto-estima muito baixa- devido a questões familiares. Park é meio coreano, meio americano, é baixinho e não é lá tão forte, só não é incomodado pelo pessoal da escola porque os conhece desde sempre e consegue ser invisível.

Além dos protagonistas fora do padrão de beleza, outra coisa diferente nesse livro é que ele é um romance totalmente Geek, com quadrinhos e rock. Deixe-me explicar melhor, o Park e a Eleanor se aproximam graças as histórias em quadrinho que o Park lê e começa a emprestar para ela quando nota que ela gosta, e isso vai derrubando a barreira entre eles e fazendo eles se aproximarem, mesmo antes de alguém dar a primeira palavra. E depois que dão essa primeira palavra o assunto vira Rock, e park mesmo sem perceber se preocupa com ela e começa a gravar fitas - sim, são fitas mesmo, o livro se passa em 1986 - de rock para ela poder escutar em casa, já que nunca ouviu as bandas de que eles falam - e que bandas, diga-se de passagem: The Smiths, The Beatles, Alphaville e por aí vai. Desculpe, gente, eu não sou roqueira, mas sei reconhecer o valor de um bom rock de longe.

Como o próprio John Green fala na capa, este livro nos mostra como é se apaixonar pela primeira vez, e realmente nele tem todo o "não, eu não to apaixonado por ela, mas ela é diferente" e "não, eu não gosto dele, mas ele é bonitinho" da Eleonor e do Park, a incerteza de saber se aquilo é realmente o que eles pensam ou não, o medo de não ter tempo suficiente junto, a gana de o perto que eles estão não ser o suficiente nunca. E o melhor do amor/paixão dos dois é que ela não foi a primeira vista á la Romeu e Julieta - que a Rainbow acaba alfinetando no livro - e sim foi construído ao longo do tempo, o Park não se apaixonou por ela assim que viu ela a primeira vez, nem pensou direito nela, até quis manter distancia, o mesmo vale para Eleanor em relação a Park, eles só começaram a se interessar um pelo outro quando um fez algo que acabou despertando o interesse no outro e assim eles foram prestando atenção um no outro e se aproximando.

Outra coisa que vale a pensa destacar é a relação de cada um com a família, a Eleanor como eu já disse a cima vive com a mãe, os irmão e um padrasto que não vale nada. Aí você deve pensar "Ah, pelo menos ela tem a mãe, então tudo bem", não, não está tudo bem não, porque a mãe dela chega a me dar nojo, vergonha por ser uma mulher, ela prefere o marido que a trata mal do que a filha que ela gerou e criou, ela abandonou a filha a própria sorte porque esse cara quis, um cara que não dá o minimo valor pra ela, parabéns querida você é um grande exemplo de mulher... de péssima mulher, e mãe nem se fala, né? Agora em relação ao seu relacionamento, vai pra 50 Tons de Cinza porque você está no livro errado! O Park tem mais sorte com a família dele, a aparentemente perfeita família dele, bem, e não seria só aparentemente se o pai não implicasse tanto com ele por causa do seu jeito meio diferente dos outros garotos.

O ponto fraco do livro pra mim foi ele ser meio lento no inicio, eu entendo porque ele tinha que ser assim, mas isso me atrapalhou um pouco na leitura, pois eu estava lendo em uma época bastante ocupada pra mim, então eram poucas as brechas que eu tinha para ler e a leitura não rendia muito, isso me irritou um pouco em relação ao livro, talvez se eu tivesse mais tempo nem teria notado. Porém mais perto do final o livro pega um ritmo bom, mais acelerado que nos conquista de vez.

O final do livro é meio aberto, deixando o leitor podendo imaginar que algo pode ter acontecido depois ou que ficou daquele jeito e continuou assim e ponto... pelos menos, era para ele ser assim, antes da escritora resolver fazer uma sequencia que será lançada no final deste ano. O livro também será adaptado para os cinemas, os direitos foram comprados pelo estúdio Dreamworks.

- Mas ele fica tão obviamente tirando sarro deles

- Quem?
- Shakespeare
- Explique-se...
- Romeu e Julieta são apenas dois jovens ricos que sempre tiveram tudo o que quiseram. E, agora, eles acham que querem um ao outro
- Estão apaixonados... - diz o professor com a mão no coração
- Eles mal se conhecem
- Foi amor à primeira vista.
- Foi "Ai, meu Deus, ele é tão fofo"à primeira vista. Se Shakespeare quisesse fazer você acreditar que eles estavam apaixonados, não diria quase na primeira cena que o Romeu estava pensando muito em Rosaline. Isso é Shakespeare tirando sarro do amor.