sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Resenha: O Bicho da Seda - Robert Galbraith (J.K. Rowling)

O detetive Cormoran Strike, protagonista de O chamado do Cuco , está de volta, ao lado de sua fiel assistente Robin Ellacott, no segundo livro de Robert Galbraith, pseudônimo de J.K. Rowling . Dessa vez, o veterano de guerra terá que solucionar o desaparecimento de um escritor.

Avaliação: ☻☻☻☺☺(3/5)           464 Páginas                Rocco


J.K. Rowling ainda consegue me surpreender com a sua escrita brilhante, cheia de detalhes e bem montada, porém, infelizmente, ela não consegue me envolver.

Um escritor relativamente famoso desaparece e sua esposa está convencida que trata-se de somente mais um dos seus habituais desaparecimentos, então ela vai até o detetive Cormoran Strike pedir que o encontre e o faça voltar para casa. Porém quanto mais Cormoran se aprofunda no caso e vai descobrindo em que circunstancias o desaparecimento aconteceu, mais ele vai tendo a certeza de que sua cliente está errada.


Se quiser amizade eterna e camaradagem desprendida, entre para o exército e aprenda a matar. Se quiser uma vida de alianças temporárias com colegas que se regozijarão a cada fracasso seu, escreva romances.



Em Harry Potter nós vimos como J.K. Rowling consegue ser habilidosa criando uma trama bem elaborada, e em O Bicho da Seda não é muito diferente. No seu novo livro, dessa vez sob o pseudônimo de Robert Galbraith, ela consegue reafirmar isso nos apresentado uma trama muito rica de detalhes que não poupa o leitor de um enredo bem elaborado contendo até um livro dentro do livro. Owen, o escritor desaparecido, entregou a sua editora a copia final do ultimo livro que havia escrito, intitulado Bombyx Mori (nome cientifico do Bicho-da-seda) no qual ele retrata de maneira grotesca e ofensiva vários conhecidos - desde sua mulher até o seu editor, passando pelo seu maior inimigo. A J.K. é uma escritora tão incrível que ela nos mostra alguns pedaços de Bombyx Mori, e a escrita desse livro fictício é tão diferente da escrita da J.K. que poderia ser algum livro verdadeiro escrito por uma mente perturbada como a do Owen (seriamente perturbada, diga-se de passagem, porque eu tive ânsias com o que lia naqueles trechos).


Francamente, qualquer um que vá se matar por causa de uma resenha ruim não deve se meter a escrever um romance, para início de conversa.


Durante a leitura do segundo livro escrito como Robert Galbraith, eu entendi porque a escritora quis usar um pseudônimo, porquê ela se sentiu tão livre escrevendo sem ninguém saber que era ela. Seja sincero, se você fosse dono de uma editora e aparecesse J.K. Rowling querendo publicar nela, você leria a obra primeiro ou já aceitaria na hora? Como Robert Galbraith não tinha como ser assim, porque ninguém sabia, nem editora, ela foi aceita pelo seu talento e não pela sua fama. O primeiro da série também conseguiu se tornar um Best-Seller antes de descobrirem quem era por trás do pseudônimo, ou seja, mais uma vez por merecimento dela, não pela fama. Mas o principal motivo para ela querer usar o pseudônimo, eu tenho certeza, foi os leitores somente olharem o livro como mais um livro, e o lerem sem pré-conceitos como "ah, esse livro é da J.K. então é ótimo", ou o lerem, e mesmo sem querer, comparar com Harry Potter e por ser algo totalmente diferente acabarem não gostando tanto, que foi o que aconteceu comigo. Quando eu comecei a ler a série Cormoran Strike a noticia de que J.K. Rowling era Robert Galbraith já havia vazado (mas quando eu adquiri o livro não sabia ainda), e mesmo não querendo eu tinha a escrita dela em Harry Potter na minha cabeça, o que me levava a pensar que tinha algo errado ali, que aquela narração não tava certa, e isso acabou não deixando eu me envolver com o livro.

A dificuldade para me prender a leitura foi tamanha que em algumas vezes em que eu peguei o livro acabei adormecendo após uma ou duas páginas, e levei mais que o dobro do tempo que geralmente levo para ler um livro desse tamanho, até do que levei para ler o primeiro da série.

Desde o primeiro livro da série eu acho meio estranha a relação da Robin e do Strike, apesar de não ter nada de mais entre eles, parece que tem uma atmosfera ao redor deles de que algo a mais irá acontecer, como a calmaria antes de uma tempestade. A escritora não disse nada em entrevista me levasse a pensar isso, nem tem algo concreto no livro sobre isso, é só mais uma suposição, ou até uma intuição sobre o futuro desses personagens.

A capa desse livro continua no mesmo estilo da primeira da série, com a sombra do detetive Cormoran Strike de costas em algum lugar que lembre levemente algo relacionado ao caso, uma capa muito bonita, uma das mais bonitas da minha estante.

No final do livro, quando revelam todo o mistério (apesar do detetive ter descoberto bem antes, e ter ficado fazendo suspense com o leitor) eu fiquei bastante surpresa, nunca teria conseguido imaginar que era aquilo, fiquei tentando amarrar as pontas soltas durante todo o livro e não conseguiu, talvez por não ter me envolvido tanto com a história, e no final apesar de ser explicado tudo, continuei sem conseguir amarrar tudo na minha cabeça.

É um livro muito bom para quem gosta do gênero policial, mas para que a leitura seja realmente proveitosa é necessário tirar qualquer possível comparação ou lembrança da leitura de Harry Potter da cabeça.


‘Faz alguma ideia’, disse a agente asperamente, ‘de quantas pessoas pensam saber escrever? Nem imagina as merdas que me mandam todo santo dia.

- Kah.

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