quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Fuxicando Sobre Romances de Época: Persuasão - Jane Austen


E finalmente chegou a hora de resenhar o ultimo livro do desafio! Eu tenho que confessar para vocês que lá pelo meio do ano eu perdi o interesse nesse desafio e em ler o livros, comecei a acha-los todos iguais, e não lamentei muito quando tive que interromper a leitura deles devido aos estudos, mas consegui recuperar o tempo perdido agora em Dezembro, li os atrasados, os resenhei e agora chegou a vez do ultimo. Esse desafio, apesar dos pesares, tornou a leitura de clássicos muito mais fácil para mim, antes eu penava bastante para lê-los, demorava até semanas, agora consigo lê-los em poucos dias, já que graças a esse desafio eu consegui me acostumar com a linguagem e com os costumes daquela época.
O desafio do mês de dezembro era ler um livro um livro de Jane Austen - que é considerada a percursora do romance feminino - já que é o mês de seu aniversario. No inicio do ano eu fiquei em duvida entre Razão e Sentimento ou Persuasão, já que eu já havia escolhido Orgulho e Preconceito para ler em Abril. Devido a comentários positivos acabei escolhendo Persuasão para ser a minha leitura, e não me arrependo dela.

Anne Elliot, a heroína de Persuasão, é uma nem tão jovem solteira que, seguindo os conselhos de uma amiga, dispensara, sete anos atrás, o belo e valoroso (porém sem título nobiliárquico e sem terras) Frederick Wentworth. No entanto, o futuro sentimental e financeiro de Anne não é muito promissor, e quando o destino a coloca frente a frente com Frederick, agora um distinto capitão da Marinha britânica, reflexões, conjunturas e arrependimentos são inevitáveis.
Concluído um ano antes da morte de Jane Austen e publicado postumamente, seu último romance, que contém fortes elementos autobiográficos, aborda o risco de se dar conselhos – e de se segui-los. Com toda graça, humor, leveza, ironia e ousadia de estilo de suas obras mais conhecidas, Persuasão, originalmente publicado em 1818 num mesmo volume com A abadia de Northanger, é uma bela despedida daquela que pintou a vida e as agruras femininas em uma sociedade patriarcal como nunca antes e nunca depois.

Avaliação: ☻☻☻☻☺(4/5)                    256 Páginas                          L&PM

Por favor, fãs do Mr. Darcy, não me matem, mas eu gostei mais e me senti mais arrebatada com a leitura de Persuasão do que de Orgulho e Preconceito, sem comentar que ela me deixou com um gosto de quero-mais na boca.


Anne Elliot é a irmã do meio de três irmãs, e desde a morte de sua mãe, seu pai só se preocupa com sua irmã mais velha, assim Anne é completamente ignorada em sua própria casa, já que sua irmã mais nova já se casou. A mãe de Anne tinha uma melhor amiga que após a sua morte tornou-se muito amiga de Anne, e também como uma mãe para ela. Sete anos antes da história começar Anne se apaixonou por um rapaz (Frederick), que apesar de muito valoroso, não possuía nenhum titulo e terra alguma, o que fez com que todos se pusessem contra seu casamento com ele, inclusive sua amiga que foi a unica que conseguiu persuadir Anne a deixa-lo. Quando a história começa ambos se encontram novamente, e o capitão Frederick, agora muito rico, está procurando uma noiva, qualquer moça que não seja Anne, porém ambos continuam tendo fortes sentimentos um pelo outro.



Você trespassa minha alma. Sou agonia e esperança. Não me diga que é tarde demais,
que tais preciosos sentimentos se foram para sempre.



A primeira coisa que eu quero comentar sobre esse livro é algo que eu descobri enquanto o lia. Jane Austen morou em Bath (cidade onde se passa uma parte importante da história) durante muitos anos, também foi persuadida a desistir de um casamento com um homem que ela amava muito e seus irmãos fizeram parte da marinha, quando se descobre isso a história do livro assumo um "que" bibliográfico de Jane Austen. Outro fato interessante sobre esse livro é que ele foi o ultimo livro que Jane conseguiu terminar de escrever antes de morrer, o que fez o livro ser publicado postumamente, tanto que o seu irmão/empresario foi quem teve que dar o nome para o livro.



Fora obrigada a ser prudente na juventude, e aprendera o romantismo a
medida em que envelhecia: a sequela natural de um começo antinatural.



Eu já sabia o enredo de muitas obras de Jane Austen, antes de sequer ler uma, e os enredos das obras de Jane Austen se contados por cima levam a impressão de que a escritora não tinha cérebro, que ela muito fútil (o que não é verdade, ela era brilhante e se importava com o que tinha valor), o que me levou a ter um certo preconceito com ela, que acabou quando eu li Orgulho e Preconceito, e percebi que ela usa uma linguagem/narrativa irônica para os costumes da época que antes eu achava que ela apoiava, e vi que na realidade ela os abomina. E isso acontece em Persuasão, a sociedade continua sendo retratada com ironia, principalmente as prioridades das mulheres. A descrição da sociedade nesse livro nos mostra com exatidão como era naquela época, e a ironia de Jane Austen nos apresenta o preconceito, a elitização e a futilidade daquela época.

Os personagens desse livro constituem uma riqueza a mais para o enredo, e o difere de todos os outros de Jane Austen. Anne é uma personagem bastante racional, apesar de ter sido persuadida a deixar o noivo, ela sabe que a culpa disso é dela que cedeu a pressão, ela sabe que todo o sofrimento só tem uma culpada que é ela, ela também é bastante bondosa e raramente impõe suas vontades; o Capitão Frederick representa os inúmeros homens daquela época que ascenderam econômica e socialmente por mérito através da marinha (não por causa de herança como nos outros romances de Austen), enquanto alguns antigos ricos com títulos que não souberam cuidar de seu patrimônio (Sir. Elliot) perdem seu dinheiro. Os personagens secundários tem seus perfis bem definidos e cada um possui a sua própria história.

Eu fiquei admirada quando descobri que o titulo do livro fora dado somente pelo irmão de Jane Austen após a sua morte, pois a persuasão é tão presente entre os personagens (sempre tem alguém ou sendo persuadido, ou tentando persuadir ou pedindo para alguém persuadir outro alguém) que eu até achei que a escritora havia feito de proposito, que esse fora o intuito do livro. A história se tornou a minha favorita da escritora (também só li dois livros dela), dentre outros motivos, pela historia ser bastante sensível, tão tocante, tão real - principalmente após descobrir sobre a escritora- e com os diálogos que nos fazem sentir o mesmo que a personagem.

O que me fez não pintar todas as carinhas na avaliação foi a narração da Jane, que eu só consigo me acostumar na metade final do livro. A Jane tem uma narrativa muito descritiva em todos os seus livros, tanto que eu acho que em Orgulho e Preconceito ela exagerou na dose, e nesse ela conseguiu diminuir a dose e após você se acostumar com ela, ela acaba por se tornar leve e você nem nota mais o livro passar.

Como eu já disse lá em cima, esse livro me deixou com um gosto de quero mais na boca, e com certeza eu irei ler alguma de suas adaptações atuais ou releituras.

Como essa deve ser a minha ultima publicação esse ano no blog, Feliz Ano Novo a todos!
-Kah.

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