sábado, 2 de agosto de 2014

Resenha: Se Eu Ficar - Gayle Forman

Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera... e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas.

Avaliação: ☻☻☻☻☺ (4/5)              224 Página         Novo Conceito

Quem diria que as vezes um trailer é melhor para fazer alguém ler um livro do que a sinopse? Pois é, foi isso que aconteceu comigo nesse aqui... mas o credito não foi todo trailer, também foi da música Say Something que quase me levou as lágrimas durante ele e me fez pensar "imagina como é o livro". Bem, se serve de consolo para quem quer ler, mas não quer morrer chorando... Eu sequer fiquei com vontade de chorar durante ele.

A Mia é uma garota do ensino médio que toca violoncelo, tem uma família feliz e um namorado incrível, até que durante um passeio com a família sua vida vira de cabeça para baixo. Um acidente de carro faz seu pai e sua mãe morrem na hora, seu irmãozinho ficar a beira da morte e deixa Mia em coma, fazendo ela ter que decidir entre lutar para ficar viva e ter que enfrentar toda a dor da perda da família, ou se deixar ir com eles e não ter que enfrentar nada disso.


Eu percebo agora que morrer é fácil. Viver é difícil.


O grande assunto desse livro é a escolha da Mia, que acaba sendo uma apologia a escolha que os adolescentes têm que fazer, e eu ficava imaginando como o autor faria a hora que a Mia faz a sua escolha, para não ficar um momento "forçado" - ridículo - mas não pensei na possibilidade de que ele acabasse fazendo essa escolha dela tão sutil que a gente não soubesse que ela estava escolhendo, e arrisco dizer que nem ela soubesse que estava escolhendo. Deixe eu me explicar, era  para esse livro ser sobre A Escolha, mas essa escolha acabou não acontecendo, a impressão que o livro nos dá é que de tanto a Mia ficar nesse "vai ou não vai" acabou indo por um caminho, indo e indo, até que no final era aquilo, pronto, já era. O momento em que ela "escolhe" acaba parecendo mais um pensamento de " e se eu escolher..." do que uma decisão... parece que ela só considerou a ideia e foi o suficiente para decidir o destino dela, devido a toda a ajuda externa.

A maioria das pessoas começam a leitura desse livro pensando que no caso deles a decisão seria obvia, nem consideraria a outra opção, mas a verdade é que é fácil falar quando não se está na situação dela, nos pouco momentos do livro que eu tentei me colocar no lugar da Mia, eu duvidei de qual seria a minha escolha e não consegui nem imaginar como seria a minha vida naquela situação, e imaginando como seria a vida depois daquilo... Eu não posso, minha imaginação não vai, parece que tem uma especie de bloqueio na minha cabeça que diz "sofrimento muito grande, não temos nada comparável".

Eu tenho o pressentimento que depois que você sobrevive de algo assim, você
se torna um pouco invencível.
E por falar em Mia, não pensem que ela é uma mocinha cativante que nos faz nos colocarmos no seu lugar e sofrer todas as suas dores. Não, a Mia é só a Mia, ela sim fez jus a descrição de só mais uma garota do colégio... claro, ela tem os seus diferencias, mas isso toda garota também tem. Mas aí vocês dizem "mas é claro que ela não pode ser cativante, olha a situação em que ela está", pois é, mas nós vemos as lembranças dela, somos cativadas por outros personagens por causa delas, como pelo pai e mãe dela, e o Adam - o namorado - que podia muto bem ser uma pessoa real e que roubou meu coração... quero um Adam pra mim!

Grande parte da história é narrada por flashbacks que são as lembranças da Mia, então graças a isso temos uma visão das pessoas através dos sentimentos da Mia, da visão que ela tem dessas pessoas. As lembranças são no geral felizes, como o próprio trailer do filme mostra e me fez pensar que seriam elas que me levariam as lagrimas, mas - felizmente ou infelizmente, não sei - não aconteceu, não chorei em nenhum momento do livro, sequer cheguei perto disso, apesar de ser um livro triste parece que o autor não quis apelar para elas, mas pelo jeito isso será diferente no filme, acho que lá eles farão as cenas carregadas da emoção necessária.

Outra coisa que eu quero mencionar antes de encerar essa resenha é o violoncelo, uma escolha totalmente inusitada, acho que nunca vi nenhum livro de violoncelista, nem sabia que existiam solos, na realidade eu nunca prestei atenção nele, pra mim só era um violão gigante de música clássica - na qual eu também nunca tinha prestado muita atenção - mas graças ao talento da Mia, eu acabei prestei um pouco mais de atenção e vendo a magia que ela vê nele.

O livro possui uma continuação chamada Where She Went ("Onde Ela Foi" em tradução livre) que é narrado pelo Adam, e apesar de ser uma continuação tem uma abordagem diferente, ele é mais um presente pro fãs, então se forem ler o segundo não esperem algo como esse porque ele é muito diferente, mas estou louca para lê-lo de qualquer jeito.

"Fique" Com essa unica palavra a voz de Adam falha, mas ele engole suas emoções e continua "Não existem palavras para o que aconteceu com você. Não existe uma boa palavra. Mas existe algo para se viver. E não estou falando de mim. É só que... eu não sei. Talvez eu esteja falando merda. Eu sei que estou em choque. Eu sei que não digeri o que aconteceu a seu pais, a Teddy... Tudo que consigo pensar é o quão fodido vai ser sua vida terminar aqui, agora. Eu quero dizer, eu sei que sua vida está fodida não importa o que aconteça agora, para sempre e não sou tolo o bastante para pensar que posso fazer algo para ajudar nisso, que qualquer pessoa possa. Mas não posso tirar minha cabeça da noção de que você não envelhecer, ter filhos, ir para Jullliard, tocar aquele violoncelo na frente de uma enorme plateia, para que eles tenham arrepios do jeito que eu sempre tenho toda vez que eu vejo você pegar seu arco, toda vez que eu vejo você sorrir pra mim" Ele faz uma pausa "Se você ficar, eu faço o que você quiser. Eu largo a banda, vou com você para Nova Iorque. Mas se você precisar que eu vá embora, eu faço isso também. Eu estava conversando com a Liz e ela disse que talvez voltar para a sua antiga vida seja doloroso demais, que talvez seja mais fácil para você nos apagar. E isso seria uma droga, mas eu faço. Eu posso perder você assim se eu não te perder hoje. Eu te deixo ir. Se você ficar."

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