terça-feira, 15 de julho de 2014

Resenha: Estilhaça-me - Tahereh Mafi

Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser um guerreiro.

Avaliação: ☻☻☻☺☺ (3/5)             309 Páginas                Novo Conceito 

Quando eu terminei de ler esse livro eu tive que parar um pouco e pensar, para não ser injusta com ele... Porque se tem uma coisa que eu não precisei pensar nenhum pouco para ter certeza, é que ele é diferente do que eu imaginava. Mas também, né? Fui ler ele tendo só ouvido alguém dizendo em uma Tag "Fulano, que eu ainda não sei se é psicopata".

Juliette está presa em um manicômio, não fala com ninguém e não toca ninguém ha exatamente 264 dias... E da ultima vez que tocou, que foi por acidente, foi parar nessa situação. O toque dela é letal ou quase isso, ela nasceu assim e sempre foi desprezada por isso, até pelo seus pais. O munda lá fora está ruindo, não existe mais comida suficiente, as nuvens não são mais como antigamente e quem assumiu o poder prometendo consertar tudo, se revelou um destruidor. Depois de 264 dias isolada, colocam um cara chamado Adam em sua cela... e isso pode ser o inicio de uma mudança na vida de Juliette.

Sabem aqueles livros que as pessoas dizem que tem uma relação de amor e ódio? Acho que estilhaça-me é um desses pra mim, eu vejo o potencial dele, as coisas boas dele, as coisas que fazem você pensar "nossa, esse livro é muito bom!", mas essas são as mesmas coisas que fazem eu não gostar dele. Eu odeio quando isso acontece em um livro.


A imaginação humana é muitas vezes desastrosa quando abandonada
à própria sorte.


A Juliette, como eu já falei a cima, sempre foi desprezada pelo o que o toque dela pode fazer, apesar de ela tentar ao máximo nunca tocar em alguém e sempre fazer o melhor pelos outros, e isso foi criando um solidão, um vazio dentro dela... Ela nunca foi amada por ninguém, nem pelos pais dela, ela nunca nem foi tocada, então quando alguma coisa assim acontece com ela, algo próximo só até, ela é Estilhaçada - não, eu não sei se é esse o motivo do nome do livro. Isso me deu uma agonia dela, uma... não sei dizer, mas eu compadeci dela e achei a descrição da autora para esses momentos perfeita.

No livro nós também temos o Adam, que é o protagonista da Juliette, eles são muito fofos juntos - eu não sei o que eu posso falar sem ser spoiler - têm uma história linda e eu sou totalmente a favor dos dois ficarem juntos, ele é forte, corajoso, sabe fazer sacrifícios em nome de algo maior... e se ela não quiser ele pode mandar pra mim que eu fico muito feliz. Como antagonista nós temos o Warner, que é o personagem que alguns juram ser um psicopata, mas para mim ele é a verdadeira personificação de um vilão mesmo, coisa que as pessoas não estão mais acostumadas a ver em livros, nós temos vilões tipo o Snow de Jogos Vorazes - que visam só o poder, e o protagonista acaba ameaçando ele, por isso ele se torna o antagonista  - mas o Warner é o verdadeiro vilão, ele quer o poder, ele quer a Juliette para ele, ele quer destruir o protagonista e ele é meio louco... ta bom, muito louco, e ele também o ultimo membro do triangulo amoroso. Sim, tem um triangulo amoroso, coisa que eu odeio e diferente de A Seleção eu não consegui superar esse ódio por ele no livro. Eu não sei se existem Team Warner por aí, ou tem alguma possibilidade de ele ficar com a Juliette, mas eu vi uma ponta solta ali que dependendo do que acontecer no próximo livro fica bem possível. Outro personagem que eu tenho que mencionar é o Kenji, que só aparece mais para frente, mas que deu o toque de humor que o livro estava precisando no meio de toda aquela tensão... ele com certeza está entre os meus coadjuvantes favoritos.


Mas é quase impossível superar a gravidade quando ninguém está
disposto a lhe dar a mão.


A distopia do livro quase não é apresentada para gente, o que nós sabemos no inicio é o que se segue até o fim. A comida do mundo está acabando, a água também, as arvores quase não existem mais, as nuvens são de cores estranhas, não mais esse branquinho, os animais estão morrendo, tudo isso causado pelo consumo desenfreado das gerações anteriores, mas só nos falam e a gente não vê isso com muita frequência, temos só alguns vislumbres dessa realidade e os pensamentos dos personagens para nos provar que isso é realidade. Graças a decadência do mundo, o Restabelecimento se ergueu com a promessa de consertar as coisas, de trazer de volta aquela época, só que na realidade ele acabou se mostrando como o Partido Nazista, além de prometer tudo isso, ele também começou a culpar algumas pessoas fazendo elas serem executadas, porque o povo estava tão desesperado que se agarra a qualquer possibilidade e acredita em tudo. Mas, diferente do que aconteceu na vida real, o Restabelecimento quer destruir a história reconstruí-la a favor deles e acabar com as diferenças de cada um, fazendo as pessoas se transformarem em um modelo de produção em massa, com um pensamento massificado.

Eu estava com as expectativas muito altas e por isso acabei me decepcionando um pouco com ele, apesar de nem imaginar o que eu ia encontrar, o que eu encontrei não me animou muito... eu sabia da distopia, do toque, mas o que eu não esperava é que ele me lembrasse X-Men, porque se tem algo que é igual a Juliette nesse mundo é a Vampira de X-Men... e depois acontece outras coisas que me lembraram muito X-Men, então eu realmente espero que no segundo livro eles tenham alguma explicação para isso que não seja "próxima faze da evolução humana".

A narração é muito diferente, no inicio do livro temos uma narrativa com faltas de pontuação, virgulas omitidas, palavras repetidas, tudo isso para nos mostrar como está a cabeça da Juliette, a confusão que ela está, que está a cabeça dela, e conforme isso vai se ajeitando, a narração vai ficando normal. Esse estilo de escrita incomoda muitos leitores, eu fiquei um pouco incomodada até entende-lo e ver que não era um erro do meu livro. A forma como os acontecimentos vão acontecendo também me incomodou um pouco, eu fiquei com aquela sensação de inicio de livro durante todo o livro, aquela sensação de que os acontecimentos ainda não estão engrenando, mas que vão fazer isso logo, e quando eles começam a engrenar o livro acaba. O livro é cheio de frases que refletem muito o nosso mundo também, e cheio de marcações feitas por mim, inclusive.

Estilhaça-me é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome, que conta com Liberta-me e Incendeia-me como segundo e terceiro livros. Ainda tem mais um Spin-off chamado Destrua-me. Todos já lançados no Brasil.

A solidão é uma coisa estranha.
Ela chega arrastando em você,silenciosa e tranquila,senta-se ao seu lado no
escuro,acaricia seu cabelo quando você dorme…Ela deixa mentiras em seu
coração,deita-se ao seu lado a noite,suga a luz de cada canto.É uma
companhia contante,enganchando a mão para puxá-lo para baixo enquanto
você luta para ficar em pé….E mesmo quando você está pronto para abrir a
mãe,quando você está pronto para se libertar,a solidão é uma velha amiga
que fica ao seu lado no espelho,olhando-o nos olhos,desafiando-o a viver sem ela. 

 A solidão é uma companhia amarga.

- Kah 

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