terça-feira, 27 de agosto de 2013

Resenha: O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman

Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino. Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.

 Eu primeiro, antes de tudo, tenho que falar que me surpreendi e me encantei por esse livro. No inicio pensei que ele seria um drama, e eu morreria de tédio lendo, mas ai eu vi que Neil Gaiman, o escritor, também escreveu o enredo de Coraline e Stardust, dois filmes que eu amo e não sei explicar o porquê.

O livro segue o narrador, que durante a história não é mencionado o nome sequer uma vez, que está de volta a cidade onde viveu quando era criança para o velório de alguém - que também não se sabe de quem é - e quando ele não aguenta mais aquele clima, ele pega o carro e saí dirigindo, só para tentar fugir, e quando se dá conta está indo em direção a sua antiga casa, que já não existe mais. Então ele dá meia volta no carro e quando percebe está na fazenda de sua amiga de infância, Lettie Henpstock. 

E depois ficam só as lembranças. E as lembranças desvanecem e se confundem, viram borrões...

Ele entra na casa pede para, quem ele acha ser a mãe dela, para ver o lago que fica nos fundos, o lago que ela chamava de Oceano. Lá, enquanto ele observa o lago, algumas memorias da sua infância, que ele não lembrava mais, acabam voltando pra ele e ai somos apresentados a uma realidade tipo Coraline.

- Quantos anos você tem, de verdade? - Perguntei
- Onze
Pensei por um instante
- Há quanto tempo você tem onze anos?

Esse livro simplesmente me levou para alguns anos atrás, quando eu era criança, me levou de volta pra aquele mundo. Se tem uma palavra que pode descrever esse livro é infância. Ele é infância, com toda a sua pureza, bondade, medos, capacidade de ver o mundo de outra maneira, de ver um mundo meio Coraline e não achar que está louco, e de idealizar os adultos como heróis invencíveis, que não temem a nada.

Como já deu para notar eu achei esse livro lindo, e se já não bastasse a atmosfera dele, o escritor ainda sabe escrever frases lindas, preciso dizer que me apaixonei? rs. Como eu li esse livro no meu Kindle ele acabou ficando cheio de marcações.

Gostei disso. Livros eram mais confiáveis que pessoas, de qualquer forma.

Em alguns lugares que eu li sobre esse livro, eles falaram que existem varias conexões com Sandman, outra obra do autor, mas eu não sei, nunca li essa história em quadrinhos - sim, HQ... pois é, ele é bem versátil. Mas algo que eu já tinha notado, e eles falaram na matéria, é que o autor exalta a mulher, o que é muito difícil de encontrar na literatura, vindo de um homem. O link é esse, para quem quiser ver. Ps.: Acabei de dar uma olhada lá na matéria agora, e bem que eu achava Hempstock conhecido.

Sobre a capa, eu achei que ela não se encaixa muito bem com o gênero do livro, já que por ela dá pra pensar em um livro dramático, mas eu também nem sei direito qual é o gênero desse livro, se quer se é adulto ou infantil, bem infantil não é, mas também não é tão adulto... Quem sabe é um novo gênero? Um infantil para adultos? Bem, voltando a capa, apesar de achar que ela não combina, dá pra entender ela no final do livro, sem comentar que eu achei ela linda.

O Final do livro eu mudaria se pudesse, mas nada que tenha estragado o livro, ele ficou muito bonito desse jeito, e ainda é perfeito.

Recomendo para quem gosta de Coraline ou Stardust.

Trecho:

Não tenho saudades das infância, mas sinto falta da forma como eu encontrava prazer em coisas pequenas, mesmo quando coisas maiores desmoronavam. Eu não podia controlas o mundo no qual vivi, não podia fugir de coisa nem de pessoas nem de momentos que me faziam mal, mas tinha prazer nas coisas que me deixavam feliz.
Avaliação: 
☺☺☺☺☺ (5/5)

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