domingo, 30 de setembro de 2012

Entre Aspas: Memorias de um Moribundo


Um fim de tarde como qualquer outro, o sol se pondo e a lua surgindo. Cabelos molhados, não fazia nem 5 minutos que ele tinha saído do banho. Pensamentos altos, respiração ofegante, olhos inchados depois te tantas lágrimas derramadas, ele caminha até a varanda de seu quarto. Latidos de cachorro, gritos de crianças que estavam brincando na rua eram os únicos barulhos que se ouvia, já que de sua casa só se ouvia o barulho da geladeira, que estava refrigerando. Decide escrever uma carta, talvez sua última carta, talvez suas últimas palavras. Sorrisos e lágrimas foram aparecendo ao longo do tempo em que escrevia. Palavras perfeitas, sentimentos verdadeiros. Gemidos de dores se escutava vindo de seu quarto, dores que ele não estava aguentando mais, dores que estavam acabando com ele pouco a pouco.
“Oi, acabei de sair do banho. Primeiramente queria te dizer que você foi a razão do meu viver durante esses 10 anos. Fracos são aqueles que não luta pela sua razão de viver, eu posso dizer que fui forte, forte por ter corrido atrás, ter feito de tudo para lhe ter, mesmo que eu soubesse que seria por um curto prazo.”
Se levanta da cadeira, deixa o papel de folha esbranquiçado em cima da escrivaninha marrom com sua caneta de tinta preta.
No caminho até a cozinha, ele sente uma forte dor em seu peito, talvez seja seus verdadeiros últimos minutos de vida. Toma sua água, enquanto o café está sendo passado na cafeteira. Aquele aroma tão bom, uma torrada com manteiga, é seu café da tarde. Retorna para seu quarto, se senta.
“Estava tomando um bom café da tarde, como sempre aquele pó que você compra é muito bom, além de ter um aroma especial. Não quero que você se sinta só, não fique chorando e muito menos para de viver sua vida. Seja forte, acredite sempre em Deus, cuide bem da nossa filha que você está trazendo no seu ventre. Ame ela, e ao passar do tempo lhe diga que o seu pai o amava muito, mesmo que ele não tenha o visto nascer. Compartilhe momentos alegres, eu sempre vou estar do lado de vocês. Amo tanto vocês.”
Os barulhos que antes estavam em frente sua casa, não havia mais. Pássaros cantavam, na verdade era os assobios do canário que repousava na árvore em frente. O céu já estava no aspecto crepúsculo, o vento soprava frio.
“Quando eu descobri a minha doença, fiquei muito mal. Chorei tanto, na verdade, você lembra disso tudo não é mesmo? Estou sentindo meus pulsos fracos, minha cabeça está latejando, uma dor insuportável. Acredito que quando você chegar, eu não estarei como sempre sentado no sofá da sala assistindo televisão.”
Fraco e trêmulo, ele se encontrava perto da pior situação de um ser humano, a morte. O céu se encontrava escuro, a lâmpada da sua casa clareava o ambiente. O seu câncer de pulmão já não estava lhe perdoando mais, a dor não passava, ele sabia que o seu tempo de vida se esgotava a cada segundo. Senta-se para terminar sua carta.
“Rose, eu tive a vida que qualquer homem gostaria de ter, eu tive a mulher mais linda, os amigos mais verdadeiros e família mais incrível. Agradeço por todos terem feito parte dessa minha linda vida. Eu te amo e amo tanto a nossa filha que ainda vai nascer, Eduarda.”
Silêncio.
“Seja forte.”
Lágrimas não tinham mais fim, suas mãos frias, lábios brancos, deita-se em sua cama. Em alguns minutos ele morrerá.
Esse texto foi escrito pelo Fernando e vocês podem ver mais textos dele no Tumblr Sonho de um Garoto, e entrar em contato com ele pelo seu twitter @feepond.

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